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  Não me lembro do som da tua voz. Esforço-me para recordar a tua gargalhada, a tua voz rouca quando estávamos sozinhos e nada. Não ouço nada e é um silêncio ensurdecedor. É um silêncio que sufoca, que enlouquece, que faz tudo e mais alguma coisa menos ir embora. É um silêncio que me recorda constantemente de que te foste embora.

  Quem me dera ser ela. Quem me dera poder partilhar as tuas alegrias, secar as tuas lágrimas, abraçar os teus átomos, beijar os teus lábios e cada centímetro da tua pele. Desvendar os teus segredos mais negros, ser a primeira pessoa em quem pensas quando estás aflito ou não consegues dormir.

  Quem me dera poder ser dona do teu riso que soa como a mais bela sinfonia quando nos chega aos ouvidos, ser dona do teu toque que arrepia cada fibra do que resta do meu ser, ser dona da vida escondida no teu olhar e no teu sorriso. Ser dona desse gás que se solta no nosso cérebro e a que todos chamamos de "amor". Irónico. Desde sempre que associamos os sentimentos ao nosso miocárdio quando na verdade não passam de gases que decidem passear pelo nosso cérebro.        Amo-te, vivo-te e morro-te e não queria que fosse de outra maneira.

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