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Para o dono da minha alma:


  Tenho jeito para a escrita desde que me recordo, no entanto, no último ano só era capaz de produzir textos que falassem sobre como um sujeito me despedaçou e me deixou sem mais nada para dar a quem quer que fosse. Até que apareceste tu.
  Construí muitos muros à minha volta e demorei muito tempo a pôr e a repor cara tijolo para ter a certeza de que eles não desabavam. Era muito difícil para mim (e ainda o é, por vezes) abrir-me para alguém, falar de tudo o que se passou e de como me sentia, porque a verdade é que, eu já não sentia nada a não ser um amor avassalador que destruiu cada pedacinho de sanidade que ainda restava em mim. Cheguei mesmo a achar que estava a enlouquecer… Prometi a mim mesma que não queria e não podia voltar a amar alguém como o amei a ele…mas chegaste tu e estragaste os meus planos.
  Escrevi uma frase em que dizia que não sinto borboletas no estômago, sinto letras e tu fazes-me sentir dessa maneira: o poema mais bonito que Fernando Pessoa escreveu com a ajuda de Camões. Fazes-me sentir a miúda mais linda deste mundo e a mais sortuda. Sinto um orgulho inimaginável quando te vejo a jogar futebol ou a fazer qualquer tipo de desporto. Tu dás tudo de ti e isso é tão, mas tão bom de se ver…Sou tão babada por ti. Era capaz de ficar o dia todo a olhar para ti, a ouvir-te contar piadas, histórias ou até mesmo a falar de matemática, até porque somos a melhor soma que o destino alguma vez fez. Fazes-me querer ser uma pessoa melhor e só tenho que te agradecer por isso e por tudo e mais alguma coisa.
  Para além disso, dás-me vontade de ter uma vida contigo. Quero ser o teu porto seguro, quero que, um dia, chegues a casa estafado e que me contes cada detalhe do teu dia de merda, de como o teu chefe passou o dia a dar-te na cabeça e de que temos 1001 contas para pagar. Quero ser a mãe dos teus filhos, a tua parceira no crime, a tua melhor amiga, a tua alma gémea e o amor da tua vida. Quero ser para ti o que tu és para mim: um refúgio, o romance mais bonito que eu já li, a voz mais doce que os meus ouvidos já tiveram o privilégio de ouvir, o corpo mais quente e seguro a que eu alguma vez me encostei e o conjunto de átomos mais querido, sensato e inteligente que esta Terra há-de conhecer.
  Amo-te tanto e isso assusta-me tanto. Por favor, não me destruas.

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