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  A madrugada já chegara e as lágrimas ainda escorriam e o choro ainda sufocava e tu continuavas ausente.

  Não acredito em nenhum Deus mas tudo o que fiz foi rezar para que a tua partida fosse um pesadelo ou uma brincadeira de mau gosto, porém, sei que não o foi e isso corrói-me.

  Em cada lágrima que caía, sentia-te a sair de mim, sentia-me a perder-me de ti. A perder-me do teu calor, do refúgio e abrigo que eras e à medida que as lágrimas se acumulavam nos meus olhos, a saudade de ti instalava-se no meu peito e em cada célula ainda viva de mim.

  A saudade adotou o teu nome e a tua voz e tomou a forma da tua silhueta. A saudade de te fazer sorrir, de te ouvir a falar de futebol muito atento. A saudade de te ter.

  De ouvir o compasso dos teus batimentos cardíacos, que sempre me atormentaram pelo simples facto de temer antecipadamente a hora em que eles me iriam abandonar. Saudade de ter a tua mão perfeitamente encaixada na minha, saudade do teu abraço e do teu calor que se assemelhavam a um lar. Saudade de ter os teus átomos sonolentos junto dos meus, de mexer no teu cabelo despenteado.

  Não preciso de calmantes nem de aspirinas para esta dor se dissolver, preciso desesperadamente que corras para os meus braços, que te encostes ao meu peito e que digas “eu amo-te e ai daquele que te tire de mim”.

  Mas temo que isso não vá acontecer e esta é a missão de quem ama: ser genuinamente feliz porque a pessoa amada está feliz, mesmo que não seja ao nosso lado.

  Por isso meu amor, eu perdoo a tua ausência se me prometeres que perdoas as minhas falhas e tudo aquilo que não te pude dar.

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